A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) publicou na noite de segunda-feira, 22 de setembro de 2025, a tabela detalhada das rodadas 33 a 36 da Série B do Campeonato Brasileiro, com os jogos marcados entre 17 de outubro e 10 de novembro. É o momento mais crítico da temporada: quatro partidas que podem decidir se o Amazonas FC sobrevive ou cai para a Série C. Com 27 pontos e na 18ª posição — fora da lanterna, mas ainda na zona de rebaixamento — o time da Manaus vive uma corrida contra o tempo. E não é só o Amazonas. São 12 clubes brigando por apenas quatro vagas para a elite, enquanto outros quatro serão enviados ao inferno da terceira divisão. O que está em jogo? A sobrevivência de clubes, a história de torcidas inteiras e o futuro de jogadores que nunca sonharam em jogar tão perto do abismo.
O Amazonas FC, apelidado de "Onça-pintada", terá dois jogos em casa e dois fora nos próximos quatro jogos. A primeira batalha será em casa, no Estádio Arthur Marinho, em 17 de outubro, contra o Novorizontino, às 20h. Depois, em 27 de outubro, viaja para Curitiba enfrentar o Athletico-PR — um adversário que, em 2024, já o eliminou da Copa do Brasil. A volta por cima pode vir no dia 2 de novembro, quando recebe o Cuiabá, time que ainda luta por acesso. Mas o último jogo da sequência é o mais pesado: em 10 de novembro, na cidade de Ribeirão Preto, enfrenta o Botafogo-SP, que está em alta e precisa de vitórias para garantir vaga na Série A. Perder um desses jogos pode ser fatal. Vencer dois? Pode significar um salto de quatro posições.
A 33ª rodada começa na sexta, 17 de outubro, com o Amazonas x Novorizontino. A 34ª, em 24 de outubro, traz o clássico entre Coritiba e Athletico-PR, enquanto a 35ª, em 31 de outubro, terá o América-MG recebendo o Athletic Club no Independência. Já a 36ª, entre 7 e 10 de novembro, é a da verdade. O Coritiba já deu um sinal: venceu o Paysandu por 2 a 1 no Curuzu, em Belém, e se aproximou do acesso. Outro jogo decisivo: Chapecoense x América-MG, na Arena Condá, em 10 de novembro, às 19h. O América-MG, que vem de uma sequência de três vitórias seguidas, pode se tornar o quarto clube a garantir o acesso. E o Coritiba? Está a apenas um ponto de entrar no top 4. O cenário é caótico: quatro times com 40 pontos ou mais, e seis entre 35 e 38 — tudo pode mudar em 90 minutos.
Antes mesmo de entrar na reta final, o Amazonas FC volta a campo na quarta-feira, 23 de setembro, às 20h, em Ponta Grossa, contra o Operário-PR. É o jogo da redenção. Se vencer, sobe para 30 pontos e pode sair da zona de rebaixamento — algo que não acontece desde a 20ª rodada. Se perder? A pressão aumenta, e o técnico Wagner Lopes pode perder o controle do grupo. A torcida, que lotou o estádio em Manaus contra o CRB em agosto, agora vive o silêncio da ansiedade. "Não é só sobre pontos. É sobre dignidade", disse o torcedor Carlos Eduardo, 42, que viajou de Manaus para acompanhar o jogo no PR. "Se perdermos aqui, não tem mais volta. Ninguém acredita mais em nós."
Curiosamente, o Amazonas FC nunca foi rebaixado da Série B desde que voltou à competição em 2021. Em 2022, chegou a estar em 4º lugar. Em 2023, caiu por um ponto. Em 2024, terminou em 13º. Agora, em 2025, está mais perto da queda do que da ascensão. O que mudou? A falta de eficiência ofensiva: apenas 28 gols marcados em 32 jogos — a segunda pior campanha do campeonato. O goleador João Victor, com 7 gols, é a única esperança. Mas não basta um herói. É preciso um time.
Além do Amazonas, o Paysandu (26 pontos) e o CRB (25 pontos) estão na lanterna. O Chapecoense (28 pontos) e o Volta Redonda (27 pontos) estão apenas um ponto acima. Mas atenção: o Volta Redonda ainda tem jogo atrasado contra o Criciúma, que pode mudar tudo. O Criciúma, por sua vez, está em 15º com 34 pontos — quase fora da zona, mas ainda com um pé no abismo. O Coritiba, com 41 pontos, já está na zona de acesso. O Botafogo-SP, com 40, pode ser o quarto. O América-MG, com 39, é o mais perigoso dos fora da zona. A diferença entre 16º e 17º é de apenas um ponto. É um jogo de xadrez, não de futebol.
Depois da 36ª rodada, restam apenas duas: a 37ª e a 38ª, em 14 e 17 de novembro. Nenhum time terá descanso. Nenhum jogo será fácil. E o mais importante: todos os confrontos serão entre times da zona de acesso e rebaixamento. O Coritiba enfrenta o América-MG. O Botafogo-SP joga contra o Criciúma. O Amazonas, se ainda estiver vivo, encara o Vila Nova. É o caos absoluto. Quem vencer, sobe. Quem perder, desce. Não há espaço para erros. Nem para lágrimas.
Porque o futebol brasileiro não é só sobre Flamengo e Palmeiras. É sobre clubes que vivem de patrocínios de açougues, de vendas de camisetas feitas em casa, de torcedores que trabalham como entregadores e ainda vão ao estádio com o filho no colo. O Amazonas FC é um exemplo disso. Sem patrocínio de multinacionais, sem estádio moderno, sem salários altos. Mas com alma. Se cair, perde-se mais que uma vaga na Série A. Perde-se uma identidade. E isso, em um país onde o futebol é religião, não tem preço.
O Amazonas FC precisa de pelo menos 36 pontos para ter chance real de sobrevivência. Com 27 atualmente, precisa vencer três das quatro partidas restantes. Vitórias contra Novorizontino e Cuiabá em casa são essenciais. Derrotas para Athletico-PR e Botafogo-SP seriam um golpe quase fatal. Ainda assim, se outros times da zona de rebaixamento perderem, o time pode escapar por pontos corridos — mas é raro. A realidade é: só vencendo.
Coritiba (41 pts), Botafogo-SP (40 pts), América-MG (39 pts) e Criciúma (38 pts) lideram a corrida. O Coritiba está mais perto, com vitórias recentes e um elenco mais experiente. O América-MG, com o técnico Luís Castro, tem o melhor ataque da Série B (44 gols). O Criciúma, por outro lado, tem a defesa mais sólida. O quarto lugar pode ser decidido no último jogo, entre eles.
O time tem a segunda pior campanha ofensiva da Série B, com apenas 28 gols em 32 jogos. A falta de profundidade no ataque e a ausência de um centroavante de referência são os principais problemas. O meia João Victor é o artilheiro com 7 gols, mas não tem apoio. O técnico Wagner Lopes prioriza a defesa, mas isso não compensa a falta de criatividade. Em jogos contra times mais fortes, o Amazonas fica refém da posse e não consegue finalizar.
O rebaixamento seria um golpe simbólico para o futebol da região Norte, que já perdeu clubes como o Paysandu e o Remo da elite nos últimos anos. O Amazonas FC é o único time da região que ainda compete na Série B com regularidade. Sem ele, o Norte ficaria sem representação na segunda divisão — o que reduz investimentos, patrocínios e visibilidade. A torcida, que cresceu 40% desde 2022, poderia desaparecer.
O rebaixamento significa perda de verba da CBF, redução de 70% nos patrocínios e possível fuga de jogadores. O clube teria que recomeçar da base, com estrutura precária. Em 2024, o próprio Amazonas FC passou por uma crise financeira e só foi salvo por doações da torcida. Se cair novamente, pode não sobreviver. A prefeitura de Manaus já sinalizou que não financiará um time na Série C.
O maior rival é o Remo, do Pará, com quem disputa o Clássico da Amazônia. Mas na Série B, o maior adversário é o tempo. O Amazonas FC tem um histórico de desempenho irregular: sobe, cai, sobe, cai. O Remo, por outro lado, já esteve na Série A em 2022. O Amazonas precisa superar não só os rivais, mas sua própria história de frustração.