Esporte outubro 30, 2025

CONMEBOL teme cancelar final da Libertadores 2025 em Lima por crise política no Peru

Nathalia Carvalho 16 Comentários

A menos de um mês da final da Copa Libertadores 2025Estadio Monumental, em Lima, a CONMEBOL enfrenta seu maior desafio logístico dos últimos anos. O estádio, sede do clube Club Universitario de Deportes, foi escolhido em março de 2024 — mas agora, com o Peru em estado de emergência nacional desde 28 de outubro, tudo pode mudar. O governo interino, liderado por José Jerí, decretou militarização das ruas, proibição de motocicletas e banimento de reuniões públicas. Afinal, como garantir a segurança de mais de 80 mil torcedores, jogadores e equipes técnicas em meio a um cenário de caos político?

Crise que virou alerta vermelho

A crise começou no dia 25 de outubro, quando o Congresso peruano, sob o comando do presidente da Casa Víctor Rojas, apresentou cinco moções de destituição contra a então presidenta Dina Boluarte. O motivo? "Péssimo manejo da segurança nacional", segundo documentos oficiais. A vacância foi aprovada no dia 27, e Jerí, então presidente do Conselho de Ministros, assumiu a presidência por mandato constitucional. Mas em vez de acalmar os ânimos, o novo governo intensificou a repressão. A medida de emergência, válida por 30 dias, deu às Forças Armadas poderes plenos para controlar acessos, verificar identidades e até deter pessoas sem mandado judicial — algo que preocupa profundamente a CONMEBOL.

"A militarização de Lima e as restrições de mobilidade podem afetar não só a final da Libertadores, mas todos os eventos esportivos no país", alertou Carlos González, diretor de segurança da CONMEBOL. A memória recente é pesada: em 2019, a final da Libertadores foi transferida de Santiago do Chile para Lima por causa de protestos. Na época, Alejandro Domínguez, presidente da entidade, disse: "A segurança não é negociável". Agora, ele volta a repetir a mesma frase — mas desta vez, em um país que, por ironia, foi a solução da crise anterior.

Reuniões de emergência e prazo apertado

Nos dias 30 e 31 de outubro, Alejandro Domínguez e Agustín Lozano, presidente da Federación Peruana de Fútbol, se reuniram em Asunción para avaliar cenários. Lozano garantiu à imprensa que "estão trabalhando em coordenação com o Ministério da Defesa" — mas o ministro interino, Enrique Mendoza, foi claro: "As Forças Armadas têm autoridade total sobre o perímetro de Lima". Ou seja: não há garantia de que torcedores de outros países consigam circular livremente, nem que equipes de segurança internacional possam operar com autonomia.

A CONMEBOL tem até 7 de novembro para decidir. Depois disso, qualquer mudança de sede exige 22 dias úteis para reorganizar logística, bilheteria, transporte e segurança. Cada dia de atraso custa US$ 1,2 milhão — um valor que já soma mais de US$ 7 milhões se a decisão for tomada na última hora. "É dinheiro que poderia ser usado para melhorar os estádios da América do Sul", disse Ricardo Fernández, diretor financeiro da entidade. "Mas se algo der errado, o prejuízo será muito maior".

As alternativas que estão na mesa

As alternativas que estão na mesa

Se Lima for descartada, há três candidatas viáveis. O Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, com 78.838 lugares, é a favorita: está em bom estado, tem infraestrutura internacional e o Brasil tem experiência em grandes eventos sem tensão política. Em segundo lugar, o Estádio Monumental Antonio Vespucio Liberti, em Buenos Aires, com 70.074 lugares, é uma opção histórica — já sediou finais da Libertadores em 2000 e 2018. E, por último, o Estádio Centenario, em Montevidéu, com 60.235 lugares, que tem tradição em finais da Copa América, mas menor capacidade e infraestrutura mais envelhecida.

A CONMEBOL também considera o estádio do Independiente, em Avellaneda, e o Nacional, em Montevidéu, mas ambas as opções exigiriam reformas urgentes. "Não podemos correr riscos com instalações que não estejam 100% prontas", explicou um membro da comissão técnica sob condição de anonimato. "A final da Libertadores é o maior evento do futebol sul-americano. Milhões de pessoas assistem. Não é só um jogo — é um símbolo".

Por que isso importa para o Brasil e o mundo

Por que isso importa para o Brasil e o mundo

A final da Libertadores movimenta mais de US$ 500 milhões em bilheteria, patrocínios e transmissão. Mais de 500 milhões de pessoas assistem ao jogo em todo o mundo — mais do que muitas finais da Copa do Mundo. Se a partida for transferida, isso afeta não só os clubes participantes, mas também os torcedores que compraram passagens, hotéis e pacotes turísticos. Muitos peruanos já cancelaram reservas. Empresas de transporte aéreo estão em alerta. O turismo, que esperava um impulso de US$ 200 milhões com o evento, pode sofrer um colapso.

Além disso, o caso coloca em xeque a capacidade da CONMEBOL de escolher sedes em países instáveis. Se a entidade mantiver Lima, corre o risco de um incidente grave. Se mudar, envia um recado: "não confiamos na estabilidade política da região". E isso pode impactar futuras decisões de sede para Copas do Mundo, Jogos Pan-Americanos e até a Copa América 2027.

Frequently Asked Questions

Por que a CONMEBOL não pode simplesmente adiar a final?

Adiar a final não é viável porque o calendário da CONMEBOL está apertado: a final da Copa Sul-Americana ocorre em 13 de dezembro, e os clubes já têm compromissos com ligas nacionais e jogos de classificação para a próxima edição da Libertadores. Além disso, os contratos de transmissão e patrocínio têm prazos rígidos — qualquer mudança desencadeia multas milionárias.

Quem decide se a final será transferida?

A decisão final é do Conselho da CONMEBOL, presidido por Alejandro Domínguez, mas exige aprovação de pelo menos dois terços dos presidentes das 10 federações nacionais. A Federação Peruana de Futebol tem direito a voto, mas não pode bloquear a mudança sozinha. A pressão dos clubes e das emissoras de TV também pesa muito nesse processo.

O que acontece se a final for realizada em Lima com a situação atual?

Se a final for mantida em Lima, a CONMEBOL imporá regras rígidas: apenas torcedores com identificação oficial e ingresso validado poderão entrar. A entrada de estrangeiros será monitorada por agentes da polícia peruana e da própria entidade. A segurança será reforçada por equipes da Interpol e da FIFA, mas ainda assim, o risco de distúrbios ou bloqueios de acesso permanece alto — e isso pode afetar a transmissão ao vivo.

Há precedentes de mudança de sede por motivos políticos?

Sim. Em 2019, a final da Libertadores foi transferida de Santiago do Chile para Lima por causa das manifestações. Em 2020, a Copa América foi remarcada por causa da pandemia. E em 2014, a final da Sul-Americana foi movida de La Paz para Buenos Aires por causa de uma crise de saúde pública. A CONMEBOL já tem protocolos para isso — mas nunca em um país que já foi sede de uma final anterior, como é o caso do Peru.

Como os torcedores podem saber se a final será transferida?

A CONMEBOL anunciou que qualquer mudança será comunicada oficialmente em seu site e redes sociais até 7 de novembro. Torcedores que já compraram ingressos em Lima terão direito a reembolso integral ou troca para o novo local. A entidade também está criando um canal de atendimento em português, espanhol e inglês para esclarecer dúvidas, já que o evento atrai milhões de fãs de todos os países da América do Sul.

16 Comentários

Leandro Fialho

Leandro Fialho outubro 30, 2025 AT 20:49

Se a CONMEBOL deixar a final em Lima, vai ser um desastre. Mas se mudar, o Peru perde uma chance histórica de mostrar que pode se recuperar. A gente não pode só fugir dos problemas, tem que ajudar a resolver.
Esse é o futebol, não um jogo de xadrez político.

Eduardo Mallmann

Eduardo Mallmann novembro 1, 2025 AT 06:39

É imprescindível que a CONMEBOL adote uma postura ética e institucionalmente responsável diante de um cenário de emergência nacional, cuja gravidade transcende o âmbito esportivo. A segurança da vida humana é um valor inegociável, e qualquer decisão que priorize o lucro sobre a integridade física dos cidadãos configura uma falha moral de proporções históricas.

Timothy Gill

Timothy Gill novembro 1, 2025 AT 17:49

Lima não é o problema o problema é a América Latina inteira acha que futebol é política e política é futebol mas na verdade é só um jogo que virou um espelho da nossa desorganização

David Costa

David Costa novembro 3, 2025 AT 10:35

É fascinante observar como o futebol, enquanto fenômeno cultural e econômico, se tornou o termômetro da instabilidade política na região. A final da Libertadores não é apenas um confronto entre clubes - é um ritual coletivo que reflete as tensões estruturais de uma América do Sul em crise de identidade e governança. O fato de que a CONMEBOL precise escolher entre dois países que já foram soluções para crises anteriores revela uma circularidade trágica da história regional: a mesma terra que acolhe hoje, talvez rejeite amanhã.

Willian de Andrade

Willian de Andrade novembro 5, 2025 AT 01:49

sera que da pra fazer a final no maracana? tipo o brasil ta tranquilo e tem estrutura pra isso

Thiago Silva

Thiago Silva novembro 6, 2025 AT 11:05

Eu tô torcendo pra ficar em Lima, não por patriotismo, mas porque acho que o povo peruano merece esse momento. Se a gente fugir sempre que a política aperta, a gente nunca aprende a conviver com o caos. O futebol tem que ser um abrigo, não uma fuga.

Sandra Blanco

Sandra Blanco novembro 6, 2025 AT 21:09

Isso é irresponsabilidade. Não se pode colocar vidas em risco só para fazer um jogo. Se o governo está mandando soldados para a rua, é porque é perigoso. Ponto final.

Willian Paixão

Willian Paixão novembro 6, 2025 AT 23:01

Se a CONMEBOL transferir pra Rio ou Buenos Aires, não é fraqueza, é sabedoria. A gente pode ajudar o Peru sem precisar colocar gente em risco. O futebol une, mas não pode ser motivo de tragédia.

Bruna Oliveira

Bruna Oliveira novembro 7, 2025 AT 03:12

Lima? Sério? Depois de tudo que aconteceu? Isso é como fazer um casamento no meio de um furacão. A CONMEBOL tá correndo risco de se tornar piada global. Afinal, quem vai querer assistir a uma final onde o estádio tem mais polícia que torcedores?

Rayane Martins

Rayane Martins novembro 9, 2025 AT 02:54

Se a CONMEBOL não mover a final, ela está sendo cúmplice da repressão. Não é só segurança - é direitos humanos. E isso não é negociável. Não importa o dinheiro. Não importa o calendário. O povo peruano não merece isso.

gustavo oliveira

gustavo oliveira novembro 10, 2025 AT 14:20

Se for no Maracanã, eu garanto que vai ser o maior evento da história do futebol sul-americano. O Brasil tem estrutura, hospitalidade e, mais importante, paz. O Peru tá em guerra, e o futebol não pode ser mais um campo de batalha.

Caio Nascimento

Caio Nascimento novembro 12, 2025 AT 12:03

É importante ressaltar, com toda a cautela e consideração institucional, que a decisão da CONMEBOL não pode ser tomada sob pressão emocional, nem sob o peso de interesses econômicos imediatos - mas sim, com base em critérios objetivos de segurança, viabilidade logística e respeito aos direitos humanos fundamentais, conforme estabelecido na Carta dos Direitos do Torcedor, aprovada em 2017.

Rafael Pereira

Rafael Pereira novembro 13, 2025 AT 14:28

Se a gente vai fazer isso direito, o Rio é a melhor opção. O Maracanã tá pronto, o Brasil não tá em crise, e a gente pode ajudar o Peru sem colocar ninguém em risco. É só bom senso.

Naira Guerra

Naira Guerra novembro 14, 2025 AT 16:01

Essa história toda é um escândalo. A CONMEBOL deveria ter escolhido um país estável desde o início. Não podemos ser reféns da incompetência política de outros.

Francini Rodríguez Hernández

Francini Rodríguez Hernández novembro 16, 2025 AT 06:59

mano se for no maracana eu vou de voo direto, nao to nem ai pra politica, so quero ver o jogo e curtir com os amigo

kang kang

kang kang novembro 17, 2025 AT 07:55

Lima = caos político 🇵🇪 Rio = caos organizado 🇧🇷 Buenos Aires = caos com história 🇦🇷 Montevidéu = caos com charme 🇺🇾 A CONMEBOL tá escolhendo entre quatro tipos de caos... e o futebol é o único que não muda. 🤷‍♂️⚽

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