Esportes agosto 21, 2025

Messi brilha com assistência de calcanhar e comanda triunfo do Inter Miami sobre o LA Galaxy

Nathalia Carvalho 0 Comentários

Um retorno com golaço, calcanhar e mensagem clara: ainda é o dono do jogo

Entrar no intervalo, marcar o gol da vitória aos 84 minutos e ainda servir um companheiro com uma assistência de calcanhar daquelas que param o estádio. Foi isso que Messi entregou no 3 a 1 do Inter Miami sobre o LA Galaxy neste 16 de agosto de 2025. De quebra, assumiu a artilharia isolada da MLS com 19 gols e levou 80% dos votos para o Gol da Rodada AT&T (Matchday 29). Para quem vinha de lesão no posterior da coxa direita e ficou dois jogos fora, a resposta foi direta: ritmo volta, o toque decisivo nunca foi embora.

O roteiro começou com cara de jogo travado e terminou com assinatura do camisa 10. No fim do primeiro tempo, Jordi Alba abriu o placar após passe milimétrico de Sergio Busquets, lembrando os velhos tempos de Barcelona. Veio o empate do Galaxy com Joseph Paintsil aos 59, o clima esquentou, e aí entrou o fator que muda a barra de qualquer partida: o talento que acelera ou desacelera o jogo no momento certo.

Messi saiu do banco no intervalo e, nos primeiros minutos em campo, buscou a bola atrás da linha do meio, atraiu marcações e limpou corredores para as subidas de Alba e as diagonais de Luis Suárez. Nem tudo caiu no pé com perfeição de cara — ele desperdiçou algumas chances claras —, mas o peso das decisões apareceu quando a perna da defesa adversária já pedia arrego. Aos 84, recebeu perto da entrada da área, costurou dois marcadores e bateu rasteiro, cruzado, no canto. A bola chegou mansinha na rede, mas com a força de um soco no relógio do jogo.

O golpe final veio logo depois, e com requinte técnico. Pressionado por trás, Messi achou Suárez com um toque de calcanhar que desarmou a linha do Galaxy e pavimentou o 3 a 1. É a jogada que treinador nenhum desenha no quadro: surge do instinto, do entendimento fino de espaço e tempo entre dois veteranos que ainda falam a mesma língua dentro de campo.

Para o Inter Miami, a vitória pesou mais que três pontos. O time tinha levado 4 a 1 do Orlando na semana anterior e caído para o sexto lugar do Leste. Ganhar reencaixa a equipe na zona de conforto da briga por vaga nos playoffs e, principalmente, resgata confiança num momento em que a gestão de minutos do elenco virou tema central por causa do calendário apertado.

  • 45': Jordi Alba faz 1 a 0 após assistência de Busquets.
  • 46': Messi entra no lugar de um atacante para mudar a dinâmica ofensiva.
  • 59': Joseph Paintsil empata para o Galaxy e reabre a partida.
  • 84': Messi recoloca o Miami na frente com chute de canhota da meia-lua.
  • Minutos depois: calcanhar de Messi e gol de Luis Suárez para fechar em 3 a 1.

O prêmio de Gol da Rodada coroa mais do que um lance bonito. O drible curto para se livrar da dobra de marcação, a aceleração em dois passos e a finalização baixa no canto desenham o mesmo padrão que acompanhamos por quase duas décadas: economia de movimentos e precisão. Foi a sexta vez em 2025 que o argentino levou a honraria — sinal de influência constante, não de lampejo isolado.

O que muda para Miami, o alerta no Galaxy e o peso do 10 desde 2023

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O impacto do argentino no Inter Miami já tem números que contam a história. Desde a chegada dele, em julho de 2023, o clube venceu 56 de 104 jogos em todas as competições: 54% de aproveitamento, contra 36% do período anterior. Quando Messi atua, a curva sobe mais: 55% de vitórias e só 18% de derrotas. Não é coincidência a equipe jogar com outro nível de segurança nas fases finais das partidas — o controle emocional melhora quando você sabe que há uma jogada pronta para resolver.

Dentro de campo, a engrenagem funciona pela memória coletiva. Busquets dá a primeira bola limpa, Alba oferece amplitude e cruzamentos rasos, Suárez movimenta o miolo da zaga, e Messi costura por dentro. Foi exatamente essa sequência que destravou o duelo. O gol de Alba nasce do passe vertical que acelera a jogada; o 2 a 1 sai de uma tabela curta que desmonta linhas; o 3 a 1 vem do calcanhar que elimina o marcador de costas. Parece simples, não é. Exige leitura de segundos e confiança cega entre os quatro.

Há também o lado da gestão física. O Inter não cometeu loucuras no retorno do camisa 10. Após sentir o posterior direito contra o Necaxa, pela Leagues Cup, em 2 de agosto, ele foi preservado por dois jogos. Colocá-lo no intervalo, e não desde o início, foi uma forma de aproveitar um adversário já mais desgastado e reduzir riscos de recidiva. Funcionou: 45 minutos intensos, decisão tomada e nenhum sinal de desconforto aparente.

Do outro lado, o LA Galaxy vive um cenário desconfortável. Atual campeão da MLS, o time aparece na lanterna da Conferência Oeste, uma posição que desmonta o discurso do início da temporada. Há talento no elenco, mas o rendimento oscila demais entre um tempo e outro. O empate de Paintsil até reacendeu o jogo, só que faltou comprimento de campo e contundência para sustentar a pressão. E quando você deixa espaço entre zaga e meio contra um rival que pensa rápido, a conta chega.

O contraste é duro: enquanto o Inter Miami, mesmo com tropeços recentes, se mantém competitivo e pontuando na parte de cima do Leste, o Galaxy precisa estancar a sangria rapidamente para não transformar a defesa do título em uma corrida contra o relógio. Resultado como o de hoje expõe tanto o potencial de um time com veteranos decisivos quanto as fissuras de um campeão que perdeu o timing.

Fora das quatro linhas, o efeito Messi segue visível. Bilheterias cheias, camisas vendidas em massa, audiência em alto padrão e um interesse global que o clube nunca havia experimentado. O desempenho esportivo citado acima dá sustentação a esse boom. Não é só marketing: as vitórias e gols justificam o barulho — e alimentam o ciclo virtuoso de receita e performance.

Do ponto de vista tático, o jogo oferece um recado prático para a sequência da temporada: quando o Miami encontra a pressão coordenada no pós-perda e mantém Busquets com linhas de passe, as chances aparecem em bloco. Foi assim que a equipe recuperou bolas no campo ofensivo e comprimiu o espaço do Galaxy, preparando o terreno para as decisões finais. Com Messi saudável, essa pressão tem contragolpes mais curtos e cirúrgicos.

O calendário da MLS costuma exigir elencos longos e variações de jogo. O Inter mostra duas caras úteis: uma versão de paciência e posse que cansa o adversário, e outra, com estocadas rápidas para aproveitar a velocidade de Alba e as descidas de Suárez. Entre as duas, há um denominador comum: o último passe que aparece quando o relógio aperta.

Fica também o aspecto psicológico. Depois de um 4 a 1 doído no clássico contra o Orlando, responder com autoridade era vital. O 3 a 1 não traz só alívio na tabela; reorganiza a conversa no vestiário, reduz a pressão externa e devolve a rotina de treino com foco no detalhe, não na urgência. Ao mesmo tempo, lembra o Galaxy de que o status de campeão não segura resultado quando a execução falha.

No fim, a noite que era para ser de volta ao ritmo virou vitrine de repertório: gol de fora, assistência de calcanhar e leitura perfeita de espaços. Se a dúvida era sobre quanto tempo levaria para Messi retomar a rotação máxima após a lesão, a resposta veio em 45 minutos. Para o Inter Miami, isso vale pontos, confiança e um recado aos rivais: com o 10 em campo, a margem de erro deles diminui. E isso costuma decidir temporadas.