Segurança outubro 21, 2025

Fintech Monbank tem R$ 4,9 mi desviados em ataque hacker – terceira onda de fraudes no SPB

Nathalia Carvalho 10 Comentários

Quando Monbank teve R$ 4,9 milhões subtraídos na madrugada de 2 de setembro de 2025, o ciberataque foi o mais recente sinal de que a infraestrutura oculta do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) está sendo visada como prato cheio dos criminosos digitais. O roubo ocorreu em menos de duas horas, com mais de 200 tranferências via Pix disparadas para contas‑laranja espalhadas pelo país.

Contexto da onda de ataques ao SPB

Desde junho de 2025, o setor financeiro brasileiro vive um verdadeiro terremoto de incidentes cibernéticos. O primeiro grande terremoto foi o ataque à C&M Software, que desviou mais de R$ 1 bilhão ao explorar credenciais vendidas por um funcionário interno. Em julho, o Banco Central declarou que o país havia sofrido o maior ataque cibernético da história financeira. Poucos dias depois, a Sinqia viu R$ 670 milhões evaporarem, e parte desse montante foi recuperada graças ao bloqueio rápido das transações suspeitas.

Esses episódios mostraram um padrão: hackers focam nas prestadoras de tecnologia – as chamadas PSTI (Prestadoras de Serviços de Tecnologia da Informação) – que ligam bancos e fintechs ao ambiente de liquidação do Pix, controlado pelo Banco Central do Brasil. Quando a porta de entrada está nos bastidores, o impacto pode ser devastador, mas costuma passar despercebido pelo público.

Detalhes do ataque à Monbank

No caso da Monbank, os invasores conseguiram infiltrar-se em um aplicativo interno usado para gerar instruções de pagamento. A partir daí, foram acionadas 215 transações via Pix, todas para contas‑laranja que não tinham vínculo direto com a fintech. O volume total foi de R$ 4,9 milhões, valor que ainda não foi totalmente recuperado.

O ataque revela duas vulnerabilidades críticas:

  1. Falta de segmentação de privilégios dentro das ferramentas de back‑office.
  2. Ausência de monitoramento em tempo real de padrões de movimentação atípicos.

Segundo a própria Monbank, o incidente está sendo investigado em parceria com a equipe de resposta a incidentes do Banco Central e com consultorias externas de segurança da informação. Até o momento, a fintech afirma que seus clientes ‑ tanto pessoas físicas quanto jurídicas – não foram diretamente impactados.

Repercussões e respostas do Banco Central

O Banco Central, que já vinha apertando as regras de segurança, divulgou nesta semana um novo conjunto de medidas. Em setembro de 2025, foi imposto um limite de R$ 15 mil para transferências via Pix e TED realizadas por instituições de pagamento que dependem de intermediários tecnológicos. Além disso, a autarquia definiu que a partir de maio de 2026 nenhuma fintech poderá operar sem autorização formal.

Em nota, o Banco Central afirmou: "Estamos monitorando intensamente a movimentação no SPB e reforçamos a necessidade de controle de acesso robusto em todas as camadas de tecnologia que conectam instituições ao Pix." O órgão também alertou que novas investigações apontam para um possível ataque ainda não divulgado contra a fintech Monetarie, que foi neutralizado antes de causar danos.

Impactos sobre o ecossistema fintech

Além da Monbank, outros players sofreram golpes recentes. Em 19 de outubro de 2025, a FictorPay viu R$ 26 milhões subtraídos após hackers explorarem uma falha em aplicativos internos, movimentando cerca de 280 transações para 270 contas‑laranja. A mesma data registrou um ataque contra a Diletta, que perdeu mais de R$ 40 milhões por meio de uma vulnerabilidade própria, diferente dos roubos de credenciais em PSTIs.

Esses incidentes têm consequências imediatas:

  • Elevação dos custos de compliance para fintechs, que precisam investir em auditorias contínuas.
  • Desconfiança dos consumidores, que podem migrar para bancos tradicionais mais seguros.
  • Pressão regulatória para que o Banco Central exija certificações de segurança avançada, como ISO 27001, de todos os provedores de tecnologia.

Especialistas em cibersegurança apontam que a tendência é que os criminosos deixem de atacar apenas as PSTIs e passem a mirar diretamente as fintechs que já têm algum grau de autonomia, como a Monbank e a FictorPay. "O que mudou é o ponto de entrada, não o alvo final", comenta a analista de risco digital Carla Menezes, da consultoria SecuriTech.

Próximos passos e medidas de segurança

Próximos passos e medidas de segurança

Para conter a escalada, o Banco Central recomenda que todas as instituições adotem as seguintes práticas até o final de 2025:

  1. Implementação de autenticação multifator (MFA) em todos os sistemas críticos.
  2. Mapeamento e isolamento de privilégios de usuários internos.
  3. Monitoramento de anomalias com inteligência artificial capaz de identificar padrões fora do comum em tempo real.
  4. Teste de penetração trimestral realizado por empresas independentes.
  5. Criptografia ponta a ponta para todas as transações internas.

Fintechs que ainda não possuem certificação de segurança deverão buscar auditorias externas ainda este semestre. Caso contrário, correm o risco de ter suas autorizações revogadas quando as novas normas entrarem em vigor.

Resumo dos principais fatos

  • 2 de setembro 2025 – Monbank tem R$ 4,9 mi desviados por ciberataque;
  • Junho 2025 – C&M Software perde mais de R$ 1 bi, caso que revelou venda interna de credenciais;
  • Agosto 2025 – Sinqia sofre roubo de R$ 670 mi;
  • 19 de outubro 2025 – FictorPay e Diletta são alvos, somando mais de R$ 66 mi perdidos;
  • Setembro 2025 – Banco Central impõe limite de R$ 15 mil e exige autorização formal para fintechs a partir de maio 2026.

Perguntas Frequentes

Como o ataque à Monbank afeta os clientes da fintech?

Até o momento, a Monbank não identificou prejuízos diretos a clientes individuais. O roubo ocorreu em contas internas usadas para transferir recursos via Pix, e a empresa está bloqueando todas as operações suspeitas enquanto trabalha com o Banco Central para recuperar os valores.

Qual é a diferença entre atacar uma PSTI e atacar uma fintech diretamente?

As PSTIs são intermediárias que conectam bancos ao Pix; ao comprometê‑las, os hackers conseguem movimentar recursos sem precisar violar diretamente os sistemas das instituições financeiras. Quando a fintech é o alvo, como no caso da Monbank, o invasor já tem acesso ao ambiente de pagamento interno, o que pode gerar perdas mais rápidas e difíceis de rastrear.

O que o Banco Central pretende fazer a partir de maio de 2026?

A autarquia exigirá que todas as fintechs operem somente com autorização formal, ou seja, deverão obter licença específica para atuar no mercado de pagamentos. Essa medida visa garantir que somente empresas que cumprem requisitos rigorosos de segurança e governança possam oferecer serviços de Pix.

Quais são as principais recomendações de segurança para as instituições financeiras?

Especialistas recomendam autenticação multifator, segmentação de privilégios, monitoramento de anomalias com IA, testes de penetração regulares e criptografia ponta a ponta. Essas práticas ajudam a detectar e bloquear movimentos suspeitos antes que causem prejuízos significativos.

Há previsão de novos ataques no futuro próximo?

Analistas apontam que a tendência de crescerá, já que os criminosos estão cada vez mais sofisticados e sabem que as vulnerabilidades ainda existem nas camadas de tecnologia que sustentam o Pix. O Banco Central e as fintechs esperam conter a ameaça com as novas regras, mas o risco permanece elevado.

10 Comentários

gerlane vieira

gerlane vieira outubro 21, 2025 AT 22:26

Mais um fiasco no SPB, claramente fruto da falta de investimento em segurança. A Monbank parece ter aberto as portas sem pensar duas vezes.

Bianca Alves

Bianca Alves outubro 21, 2025 AT 23:53

Interessante observar como o ecossistema fintech está sendo testado pelos criminosos digitais. A resposta do Banco Central reflete uma postura mais robusta. 😊

Daniel Oliveira

Daniel Oliveira outubro 22, 2025 AT 01:16

É lamentável que, mesmo após múltiplos incidentes, muitas fintechs ainda operem com controles básicos. Cada falha de segmentação de privilégios amplia a superfície de ataque. O relatório do Banco Central destaca a necessidade de MFA, mas poucos implementam de fato. Não basta ter políticas no papel, é preciso execução rigorosa. O caso da Monbank ilustra como o acesso interno pode ser abusado em poucos minutos. Os invasores alcançaram a geração de instruções de pagamento sem obstáculos. Isso evidencia que a auditoria contínua está ausente. A falta de monitoramento em tempo real permite que milhares de transações passem despercebidas. Ainda que o volume de R$ 4,9 mi pareça pequeno frente a bilhões, ele sinaliza vulnerabilidades críticas. A confiança dos clientes está em jogo, e a percepção de risco pode migrar para bancos tradicionais. As restrições de R$ 15 mil impostas pelo Banco Central são um passo, mas não resolvem a raiz do problema. Cada fintech deve investir em testes de penetração trimestrais. A criptografia ponta a ponta deve ser padrão, não exceção. O fortalecimento das PSTIs também é vital, pois elas são a cadeia de suprimentos tecnológica. Em resumo, sem mudança cultural e investimento contínuo, mais incidentes virão.

Ana Carolina Oliveira

Ana Carolina Oliveira outubro 22, 2025 AT 02:40

Vamos aprender com isso e fortalecer nossas defesas!

Bruna costa

Bruna costa outubro 22, 2025 AT 04:03

É realmente preocupante ver tantas perdas se acumulando, principalmente para instituições que ainda estão ganhando confiança do público. A sensação de insegurança pode desacelerar a adoção de novas tecnologias.

Carlos Eduardo

Carlos Eduardo outubro 22, 2025 AT 05:26

A realidade é ainda mais sombria quando percebemos que cada ponto fraco pode ser a porta de entrada para um desastre maior, e ainda não temos o panorama completo. Precisamos de mais transparência nas investigações.

EVLYN OLIVIA

EVLYN OLIVIA outubro 22, 2025 AT 06:50

Claro, porque todo mundo sabe que o verdadeiro objetivo dos hackers é impedir a evolução tecnológica, não lucrar. Mas quem realmente controla os bastidores?

joao pedro cardoso

joao pedro cardoso outubro 22, 2025 AT 08:13

Na prática, a implementação de MFA e segmentação de privilégios corta grande parte da superfície de ataque, conforme os últimos relatórios de segurança. Além disso, testes de penetração regulares ajudam a descobrir vulnerabilidades antes dos invasores.

Murilo Deza

Murilo Deza outubro 22, 2025 AT 09:36

Bom, mais um escândalo, mais uma notícia, mais uma promessa de segurança reforçada, mas será que realmente vai mudar?

Ricardo Sá de Abreu

Ricardo Sá de Abreu outubro 22, 2025 AT 11:00

Amigo, concordo, a segurança é como um arco‑íris de camadas vibrantes que precisam brilhar juntas.

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