Em Três Graças, novela das nove da Rede Globo, o silêncio tornou-se a arma mais perigosa. Depois do roubo da estátua milionária da mansão de Arminda Lima, a empresária não apenas callou a casa — ela enterrou a verdade. Com o vídeo da invasão circulando nas redes e a polícia batendo à porta, Arminda impôs um pacto de silêncio absoluto: ninguém fala. Nenhum funcionário da Fundação Ferette, nenhum parente, nem mesmo o jardineiro. O que parecia um simples furto virou uma operação de ocultação de crimes muito mais graves — e Gerluce Silva, a mulher da periferia que roubou a estátua, é a única que sabe o porquê.
Na Chacrinha, o medo é outro. Os moradores não denunciam porque não confiam na polícia. E Gerluce, que já viu filhos morrerem por falta de remédio, sabe que o sistema não vai ajudar. Por isso, ela planejou o roubo. Não por vingança — por sobrevivência. "Se eu não fizer isso, quem vai fazer?", perguntou ela ao pastor, em um dos momentos mais crua da novela. A estátua era a única coisa que valia o suficiente para comprar os medicamentos que a Fundação nega. E agora, com o pacto de silêncio, ela está sozinha.
Quem é Jorginho, o namorado de Joélly? O mesmo Joaquim. Ele descobriu que a filha está grávida e, com medo de ser rejeitado, disfarçou a identidade. Mas a verdade não fica escondida para sempre. E quando Joélly descobrir, o que vai acontecer? A novela promete um confronto que pode destruir o que resta da família Silva.
Uma coisa é certa: Três Graças deixou de ser só uma novela. Virou um espelho. Mostra como o poder pode silenciar a verdade. Como a pobreza é criminalizada. E como mulheres, mesmo sem armas, ainda lutam — com coragem, com mentiras, com estátuas roubadas.
Arminda não queria que a investigação descobrisse que a estátua foi roubada por Gerluce para comprar remédios reais — e que a Fundação Ferette distribui placebos como se fossem medicamentos verdadeiros. Se a verdade sair, a reputação da empresa e sua fortuna entram em colapso. O silêncio é sua forma de proteger o crime maior: o assassinato silencioso de moradores da Chacrinha.
Gerluce trabalha na Fundação Ferette como funcionária de apoio e teve acesso a documentos internos que mostram que os medicamentos distribuídos na Chacrinha não contêm princípios ativos. Ela também viu pacientes morrerem mesmo após tomarem os remédios. Um ex-funcionário da área de logística, que depois foi demitido, lhe entregou relatórios de laboratório que comprovam a fraude.
Ferette é o braço financeiro e operacional da Fundação Ferette. Ele administra os fundos desviados para a compra de placebos e coordena a lavagem de dinheiro que sustenta o luxo de Arminda. Embora não seja o principal vilão, ele é o que mantém o sistema funcionando. Ele sabe da morte de pessoas, mas escolheu o silêncio em troca de poder. Agora, teme que Gerluce o expõe.
Joaquim, o pai de Joélly, abandonou Gerluce quando ela tinha 15 anos e nunca quis reconhecer a filha. Quando descobriu que Joélly está grávida, ele se aproximou disfarçado como Jorginho, temendo rejeição. Ele acredita que, se revelar a verdade, será visto como um vilão — e perderá a chance de estar perto da filha. Mas a mentira está prestes a explodir.
Sim. Segundo fontes da emissora, a novela estava registrando médias de 12 pontos, abaixo da média de 18 da novela anterior. Para evitar o cancelamento antecipado, a direção decidiu comprimir 3 meses de roteiro em 4 semanas. Cenas de desenvolvimento foram cortadas, e reviravoltas foram antecipadas — o que gerou críticas, mas também aumentou o engajamento nas redes sociais.
Enquanto outras novelas mostram a pobreza como tragédia individual, Três Graças a expõe como sistema. O lugar onde Gerluce vive não é um cenário — é um resultado. A Fundação Ferette, com apoio de políticos e burocracias, mantém o ciclo de abandono. O roubo da estátua não é um ato de crime, mas de justiça. E isso é o que assusta: a heroína não é uma vítima. Ela é uma combatente.