Noite de histórias convergentes no Crypto.com Arena, em Los Angeles: a noite de 18 de novembro de 2025 marcou a estreia de LeBron James na temporada 2025-2026 da NBA — sua 23ª consecutiva — após 14 jogos ausente por lesão. Os Los Angeles Lakers venceram os Utah Jazz por 140-126, em um jogo que superou o recorde de pontuação entre as duas equipes nos últimos anos. Mas o mais surpreendente não foi apenas o retorno do astro de 40 anos. Foi o colapso de uma equipe que, há poucos dias, parecia ter encontrado seu rumo — e a crescente sombra de uma estratégia questionável.
LeBron James entrou em quadra com 11 pontos, 12 assistências e dois triples — os últimos o colocaram à frente de Reggie Miller como o sexto maior arremessador de três pontos da história da NBA. Mas o que mais impressionou foi a continuidade: seu 1.293º jogo consecutivo com pelo menos 10 pontos, uma sequência que começou em 6 de janeiro de 2007. Ninguém na história fez isso. Nem Michael Jordan. Nem Kobe Bryant. Ele simplesmente não para. E mesmo sem estar em sua melhor forma física, ele conduziu o time com calma, distribuindo a bola e mantendo a pressão defensiva. Seu filho, Bronny James, entrou nos últimos 3 minutos e 33 segundos e acertou um triple — um momento emocional que ecoou nas arquibancadas como um símbolo de gerações.
Se LeBron é a memória viva da NBA, Luka Dončić é seu futuro. O esloveno, que chegou aos Lakers em um movimento inesperado no verão, mostrou por que é considerado o próximo grande nome da liga. Com 37 pontos e 10 assistências, ele foi o verdadeiro arquiteto da virada. No terceiro quarto, com os Jazz liderando por 11 pontos, Dončić anotou 17 pontos sozinho, incluindo uma sequência de 21-5 que destruiu a moral do time visitante. Ele não apenas marcou: criou oportunidades para Austin Reaves (26 pontos) e para a própria equipe, que finalmente encontrou ritmo após dois quarts lentos.
Enquanto os Lakers se recompunham, os Utah Jazz desmoronaram. O ala-pivô finlandês Lauri Markkanen, que havia anotado 47 pontos contra os Bulls apenas dois dias antes, fez mais 31 neste jogo — com cinco rebotes e duas roubadas. Mas sua presença não foi suficiente. A equipe sofreu um colapso defensivo no terceiro quarto, anotando apenas 22 pontos. E o pior: a estatística mais assustadora não está no placar. É a diferença de eficiência: quando Markkanen está em quadra, o Jazz tem um índice líquido de -1,1. Quando ele sai, cai para -14. Ou seja: ele é o único que impede a equipe de ser ainda pior.
Os Jazz, que venceram os Pacers por 152-128 e os Bulls por 150-147 em jogos de alta pontuação, agora perderam cinco dos últimos sete. Seu recorde caiu para 5-10, e a pergunta que paira sobre Salt Lake City é simples: eles ainda querem vencer? Em 2024, a franquia foi multada em US$ 100 mil por violar a política da NBA ao descansar Markkanen em um jogo contra o Washington Wizards — claramente para melhorar sua posição no draft de 2025. Mas agora, com ele em quadra, a equipe é quase competitiva. Sem ele, é desastre. O técnico Will Hardy tentou justificar: "Ele é capaz de explosões incríveis. O problema é não deixar espaço, como se faz com Steph Curry." Mas o que ele não disse é que, se o time está perdendo mesmo com Markkanen, talvez o problema não seja a defesa — mas a estrutura inteira.
Com o pivô Walker Kessler fora por lesão e a equipe sem um plano claro, os Jazz estão presos em uma armadilha. Se continuam jogando Markkanen, correm o risco de perder jogos importantes — e a chance de um top-3 pick no draft. Se o descansam, perdem ainda mais jogos, mas também perdem a confiança da torcida e a credibilidade da liga. Rumores apontam que uma troca de Markkanen pode acontecer de forma repentina — e não necessariamente por vontade dele. Enquanto isso, a NBA observa. E o próximo desafio? Receber os Oklahoma City Thunder, líderes da liga com 14 vitórias e apenas uma derrota, na sexta-feira.
Para os Lakers, essa vitória é mais do que um triunfo na tabela. É uma confirmação: mesmo sem LeBron nos primeiros jogos, eles mantiveram o ritmo. Agora, com ele de volta e Dončić em plena forma, a equipe tem potencial para ser um dos favoritos no Oeste. E com Reaves, Bronny e uma defesa mais coesa, o time parece finalmente ter encontrado sua identidade — não como um time de estrelas, mas como um time que joga junto. A próxima partida, em Salt Lake City, será um teste: será que os Jazz podem se reerguer? Ou será que a derrota de hoje foi apenas o início de uma queda maior?
Apesar de Markkanen ser o principal artilheiro dos Jazz — ele marcou mais pontos nas cinco vitórias da equipe do que todos os demais jogadores juntos —, sua presença em quadra não melhora a defesa. A equipe sofre 14,2 pontos a mais por 100 posse de bola quando ele está em quadra, comparado a quando está fora. Isso sugere que ele é um jogador ofensivo isolado, mas que não se integra bem ao sistema defensivo. O time depende dele para vencer, mas não consegue jogar bem sem ele.
Sim. Mesmo aos 40 anos, LeBron mantém uma média de 25,4 pontos, 7,8 rebotes e 7,9 assistências por jogo nesta temporada. Sua capacidade de leitura de jogo, eficiência nos arremessos e resistência física são únicas. Ele não é mais o atleta de 20 anos, mas se tornou um jogador mais inteligente. Sua sequência de 1.293 jogos com 10+ pontos é um testamento à sua longevidade e profissionalismo — algo que a NBA nunca viu antes.
Se os Jazz continuarem perdendo mesmo com Markkanen em quadra, a pressão para trocá-lo aumenta drasticamente. A equipe pode ser forçada a vender seu único jogador de elite antes da data limite de trocas em fevereiro, mesmo que não recebam um retorno equivalente. Isso poderia acelerar o processo de reconstrução — ou destruir a confiança da torcida, que já está frustrada com os rumores de "tanking".
O jogo teve 266 pontos — o segundo mais alto da temporada, atrás apenas de Charlotte-Milwaukee (281). Isso ocorreu por causa da defesa frágil de ambos os times: os Jazz têm o pior índice defensivo da liga, e os Lakers, apesar da melhora, ainda sofrem com rotações lentas. Além disso, Dončić e Markkanen são jogadores que forçam defesas a se deslocarem, criando espaços para arremessos de três pontos — que foram acertados em 42% das tentativas por ambos os lados.
Eles precisam melhorar a defesa nos momentos decisivos e manter a consistência de Dončić e LeBron em jogos fora de casa. A equipe tem talento, mas ainda depende demais do ataque individual. Se Reaves e Bronny continuarem evoluindo, e se a defesa coletiva melhorar, os Lakers podem ser um dos quatro finalistas do Oeste. Mas sem equilíbrio, o talento individual não basta.
O próximo jogo contra os Thunder, em 21 de novembro, será um espelho da realidade da equipe. Se perderem por 30 pontos ou mais, a pressão para trocar Markkanen se tornará insuportável. Se conseguirem uma vitória surpresa, talvez a diretoria reconsiderem sua estratégia. Mas com o treinador Will Hardy sob pressão e o GM sem opções claras, o futuro dos Jazz está em um fio.