Entretenimento julho 24, 2025

Globoplay remove cena polêmica de Chapolin e reacende debate sobre censura e representatividade

Nathalia Carvalho 0 Comentários

Globoplay faz corte em episódio de Chapolin Colorado por cena de blackface

Todo mundo já se pegou rindo das trapalhadas de Chapolin Colorado na TV aberta. Só que os tempos mudaram, e a maneira como a sociedade discute temas como racismo e representatividade também virou outra. Agora, a Globoplay resolveu agir: cortou uma das cenas de blackface no episódio “A Guerra de Secessão”, um dos mais conhecidos do clássico mexicano criado por Roberto Gómez Bolaños.

Essa cena sempre apareceu em reprises de Chapolin, mas, na trama, Bolaños brincava com estereótipos enquanto pintava o rosto de preto para imitar uma pessoa negra, algo comum em produções antigas e que hoje gera enorme desconforto. Esse tipo de maquiagem é considerado ofensivo e racista justamente por reforçar caricaturas e preconceitos históricos.

Preservação ou adaptação: fãs e críticos reagem

A decisão da plataforma abriu espaço para discussões fervorosas. Tem quem defenda manter a série do jeito que foi pensada, justificando que era outro contexto histórico. Esses fãs alegam que editar clássicos seria como apagar parte da história do audiovisual.

Por outro lado, pessoas e instituições que lutam contra o racismo apontam que manter cenas do tipo contribui para a perpetuação de esteriótipos nocivos, transformando o que era para ser entretenimento em reforço de preconceitos antigos. Para especialistas em diversidade, a postura da plataforma mostra que há espaço para repensar velhos conteúdos em nome do respeito.

A atitude da Globoplay segue uma tendência já vista em outros lugares do mundo. Gigantes do streaming, como a Disney+, também fazem alertas ou editam cenas que hoje são consideradas ofensivas. No caso da série mexicana, a plataforma optou por não excluir o episódio inteiro, mas só a cena problemática, tentando equilibrar tradição com responsabilidade social.

Esse cuidado com as escolhas de conteúdo mostra como plataformas digitais estão mudando a forma de lidar com material antigo. O corte de Chapolin Colorado vai além de um simples ajuste de programação: coloca em evidência a pressão por revisão de conteúdos, sem necessariamente jogar o patrimônio cultural no lixo.

Enquanto isso, o público segue dividido: alguns agradecem pelo respeito à inclusão, outros veem como exagero. Na prática, o avanço do “politicamente correto” caminha lado a lado com a preservação e o respeito à diversidade. Para quem consome cultura pop, fica a provocação: dá pra reverenciar clássicos sem deixar de lado valores de respeito, ou a melhor saída é criar um novo olhar para o passado?