Na tarde de domingo, 1º de dezembro de 2024, o Chelsea Football Club recebeu o Arsenal Football Club no Stamford Bridge, em Londres, em um confronto que definiu o rumo da disputa pelo título da Premier League na temporada 2024-2025. O técnico Enzo Maresca, italiano no cargo há 18 meses, viu sua equipe se impor em campo — mesmo com um jogador a menos — e desafiar a superioridade aparente dos londrinos da zona norte. O resultado final, ainda que não tenha sido vitória, foi mais do que um empate: foi uma declaração de intenções.
Antes da bola rolar, Maresca repetiu o mesmo mantra em todas as entrevistas: “É muito cedo para dizer”. Mas por trás dessa cautela, havia algo novo. “Claro que é diferente de um ano atrás”, afirmou ele na coletiva de sexta-feira, 29 de novembro. “Temos mais unidade, mais profundidade, mais confiança.” E ele não estava apenas falando por falar. Só três jogadores — o goleiro Robert Sánchez, o lateral Pedro Neto e o atacante João Pedro — haviam iniciado todos os 12 jogos da liga até então. Isso não é fraqueza: é estratégia. O Chelsea, sob Maresca, virou um time de rotação, não de superestrelas. E isso funcionou: seis vitórias nas últimas sete partidas da Premier League, incluindo triunfos sobre Liverpool, Tottenham e até o Barcelona na Champions.
Uma das maiores incógnitas antes do jogo era se Cole Palmer, o meia inglês de 22 anos, retornaria do longo período de lesão — entrecortado por entorse de virilha e fratura no dedo do pé. Maresca deixou claro: “Ele está em condição de começar”. Mas não foi só Palmer. O jovem Estevão Willian, de 18 anos, havia brilhado na vitória por 3 a 0 sobre o Barcelona, marcando um gol de efeito e mostrando velocidade e coragem raras para sua idade. A pergunta era: os dois jogariam juntos? “Eles podem jogar juntos”, disse Maresca. “Os torcedores estão ansiosos. Nós também.” A resposta veio no campo: Palmer começou, Willian entrou no segundo tempo. E juntos, criaram o caos que o Arsenal não esperava.
O maior medo de Maresca? Martin Ødegaard, o capitão norueguês do Arsenal. Ele tinha sete envolvimentos em gols contra o Chelsea nos últimos confrontos — o recorde contra qualquer time da Premier League. E não era à toa: o cruzamento que deu o gol de Mikel Merino no Emirates, em abril, foi o mesmo que desmontou a defesa azul. Para contrapor, o Chelsea se preparou. E funcionou. O Arsenal teve apenas oito chutes — o menor número em qualquer jogo da temporada. O segredo? Organização defensiva, pressão alta e uma atenção obsessiva aos escanteios. Curiosamente, o Chelsea também é o quarto time mais perigoso em bolas paradas da liga. Eles até marcaram de um escanteio curto contra o Barcelona. Aqui, o empate foi defendido com inteligência, não sorte.
Na 38ª minute, tudo mudou. Moisés Caicedo, o volante equatoriano de 23 anos, recebeu cartão vermelho direto por uma entrada dura em Merino. O Stamford Bridge ficou em silêncio. Mas o time não caiu. Pelo contrário. Com dez homens, o Chelsea se fechou, recuou e se transformou em um muro. “Quando era 11 contra 11, nós fomos melhores que eles”, disse Maresca após o apito final. “Mas com dez, foi preciso algo extraordinário.” E foi. Robert Sánchez fez três defesas de alto nível, e Reece James, o capitão, jogou como um leão em campo. O resultado? Um empate 0 a 0 — e um ponto de ouro.
Um empate contra o líder não é uma vitória, mas neste contexto, é quase o mesmo. O Chelsea não vencia o Arsenal em casa desde 2020. Eram seis jogos seguidos sem derrota para os Gunners em Stamford Bridge. Agora, o cenário mudou. O time de Maresca não só resistiu, como dominou o jogo — mesmo com um jogador a menos. Isso é sinal de evolução. No ano passado, o Chelsea caiu na reta final da temporada, perdendo o ritmo em dezembro. Desta vez, o clube tem profundidade, mentalidade e, acima de tudo, confiança. “Ainda é cedo”, repete Maresca. Mas se ele continuar dizendo isso em fevereiro, quando o calendário apertar, será porque ele sabe que o time tem tudo para ir além.
Com 32 jogos nos próximos quatro meses — Premier League, Champions, FA Cup e Carabao Cup —, a gestão de minutos será crucial. Mas agora, Maresca tem mais opções. Willian está em forma. Palmer voltou. Caicedo, mesmo suspensão, não é um vácuo: Enzo Fernández e Marc Cucurella provaram que podem assumir responsabilidades. O próximo teste? Manchester City, em janeiro. Mas antes disso, há um jogo contra o Brighton. E se o Chelsea vencer, o silêncio sobre o título vai virar murmúrio. E depois? Grito.
O empate manteve o Chelsea em segundo lugar, a três pontos da liderança do Arsenal. Mas o mais importante foi a forma: o time mostrou que pode dominar e resistir contra o melhor time da liga, mesmo com um jogador a menos. Isso eleva a credibilidade do Chelsea como candidato real ao título — algo que muitos duvidavam no início da temporada.
Maresca tem razão: a temporada ainda está no início. Em fevereiro e março, quando as partidas se acumulam e o cansaço aparece, é que se vê de verdade a qualidade de um time. Ele quer evitar pressão desnecessária e manter o foco no processo. Mas o desempenho contra o Arsenal já mostra que o time está mais maduro que no ano passado, quando caiu na reta final.
Sim, e provavelmente já são. Palmer traz criatividade e finalização, enquanto Willian, apesar da idade, tem velocidade e coragem para enfrentar zagueiros experientes. Juntos, eles criam desequilíbrio. Se Maresca mantiver essa combinação, o Chelsea terá uma das pontas mais assustadoras da Europa — e isso pode ser decisivo em jogos de mata-mata.
Revela que o Chelsea não depende de um único jogador. Caicedo é essencial, mas Fernández e outros volantes estão prontos para assumir. Mais importante: o time não desmoronou com 10 homens. Isso mostra maturidade tática e psicológica. No ano passado, um vermelho assim teria levado a uma derrota por 3 a 0. Desta vez, foi 0 a 0 — e o Chelsea saiu de cabeça erguida.
Ainda é cedo, mas a possibilidade é real. O time tem profundidade, um técnico estratégico, jogadores em ascensão e uma defesa sólida. O que falta é consistência em jogos fora de casa. Se conseguirem manter o nível contra times como City, Liverpool e Man United fora de Stamford Bridge, o título deixa de ser sonho e vira objetivo.
Gerenciar a carga de jogos entre dezembro e março, sem sacrificar a qualidade. O Chelsea tem 32 jogos nesse período. Maresca precisa descansar jogadores-chave sem perder ritmo. Se conseguir isso, e manter a coesão, o Chelsea poderá ser o primeiro time a desafiar o domínio do Manchester City na Premier League desde 2018.
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1 Comentários
Mariane Fabreti dezembro 2, 2025 AT 19:53
Se o Chelsea não venceu, então perdeu. Empate é derrota pra time que quer título