Quando Camilo Santana, Ministro da Educação, divulgou nesta quarta‑feira (9/04/2025) os números do Ministério da Educação (MEC), ficou claro que a Educação em Tempo Integral deu um salto inesperado na rede estadual da Bahia. Os dados do Censo Escolar 2024 mostraram que matrículas nessa modalidade subiram de 57.731 em 2023 para 89.706 em 2024 – um crescimento de 55,3 %.
Desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Programa Escola em Tempo Integral tem sido a bandeira federal para ampliar a jornada escolar. Em 2022, apenas 14,2 % dos estudantes baianos estavam inscritos em escolas com horário estendido; em 2024, esse percentual chegou a 23,9 %.
Esse avanço tem raízes em acordos de colaboração entre o governo federal, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e as secretarias estaduais e municipais. A partir desse ponto, cada ente passou a ter metas claras de ampliação da jornada e a receber recursos específicos para adaptar infraestruturas.
O levantamento, publicado oficialmente no dia 9 de abril, traz números que surpreendem. Na rede estadual, o total de matrículas em tempo integral passou de 57.731 para 89.706. Quando incluímos as redes municipais, o salto sobe ainda mais: 451.119 alunos em 2023 para 523.690 em 2024 – um acréscimo de 72.571 estudantes.
O segmento que mais sentiu o impacto foi o Ensino Médio. As matrículas subiram de 49.419 para 79.549, o que representa um aumento de 61 %. Em números absolutos, são quase 30 mil jovens a mais aproveitando aulas, atividades esportivas e projetos de extensão.
A Secretaria de Educação da Bahia (SEC) apontou três pilares para esse desempenho: modernização da infraestrutura, formação continuada de professores e políticas de retenção de estudantes. Foram inauguradas 112 salas de apoio pedagógico e 73 laboratórios de ciência, todos equipados com recursos de tecnologia educacional.
Ao mesmo tempo, o programa de treinamento de docentes – “Professor Integral” – capacitou mais de 4.800 professores em metodologias de aprendizagem ativa, uso de recursos digitais e gestão de projetos interdisciplinares.
Para a pesquisadora da Universidade Federal da Bahia, Ana Lúcia Barros, o crescimento reflete "um esforço coordenado que ainda enfrenta desafios de manutenção de qualidade". Ela ressalta que a expansão de vagas deve ser acompanhada de acompanhamento rigoroso dos indicadores de aprendizagem.
Já o presidente da Associação de Diretores de Escolas Públicas da Bahia, Carlos Eduardo da Silva, comemorou os números, mas alertou que ainda há falta de transporte para alunos de áreas rurais, o que pode comprometer a frequência regular.
Os resultados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados em 26/02/2025 corroboram o avanço da educação baiana. Em 2022, 87,7 % das crianças de 4 a 5 anos estavam matriculadas, superando a média nacional de 86,7 %. Entre 6 e 14 anos, a taxa subiu para 98,4 % contra 98,3 % do Brasil.
Para jovens de 15 a 17 anos, a Bahia registrou 85,8 % de frequência, ligeiramente acima da média nacional de 85,3 %. Essa diferença, ainda que pequena, indica que as políticas de retenção – como reforço escolar e merenda ampliada – estão surtindo efeito.
O próximo ciclo de Censo, previsto para 2025, deve incluir métricas de qualidade de aprendizagem, permitindo comparar não só a quantidade, mas também o desempenho dos estudantes. A SEC já anuncia a meta de alcançar 30 % de matrículas em tempo integral até 2027, o que exigirá novos investimentos em transporte escolar e ampliação de projetos de apoio psicossocial.
Enquanto isso, o Ministério da Educação pretende replicar a estratégia baiana em outros estados que ainda apresentam baixa cobertura de jornada estendida. O modelo de parceria municipal-estadual tem sido apontado como “caminho mais rápido” para reduzir desigualdades regionais.
Com a jornada ampliada, crianças e adolescentes permanecem mais tempo na escola, reduzindo a necessidade de cuidados extra‑familiares. Isso gera economia para as famílias, sobretudo nas áreas periféricas, onde o custo de creches é alto.
A moradia de professores em zonas rurais, a logística de transporte e a garantia de qualidade pedagógica nas novas salas ainda são gargalos. Sem investimento contínuo nessas áreas, o crescimento numérico pode não se transformar em melhor aprendizado.
Com 23,9 % de alunos em horário estendido em 2024, a Bahia ultrapassa a média nacional, que fica em torno de 18 %. Esse avanço coloca o estado entre os líderes da política de jornada ampliada.
A edição de 2025 incluirá indicadores de desempenho em leitura e matemática, permitindo avaliar se o aumento de vagas está correlacionado com melhores resultados acadêmicos.
O Ministério da Educação, por meio do Programa Escola em Tempo Integral, fornece recursos financeiros, diretrizes metodológicas e apoio técnico para que estados como a Bahia possam ampliar e consolidar a jornada estendida.
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1 Comentários
Lucas da Silva Mota outubro 7, 2025 AT 03:38
Essa subida parece um exagero dos números, não vejo como isso vai mudar a realidade das escolas rurais.